O papel do brinquedo na formação dos mecanismos de defesa psicológica da criança
A menina e a bonequinha feia
Era uma vez uma menina comum, e como todas as meninas comuns era também uma princesa. Morava em um castelo construído dentro de seus sonhos.
Na verdade a menina desta história morava em uma favela próxima a um lixão, seus pais viviam do que encontravam no lixo, mas a despeito de tudo eram amorosos e dedicados com os filhos.
Certo dia, no aniversário de três anos da menina, a mãe chegou em casa com um embrulho bonito, coberto com papel de presente que ela havia encontrado numa lixeira no centro da cidade, a menina ficou eufórica pois sabia que dentro do embrulho estaria o primeiro presente de aniversário da sua vida, mal podia se conter, mas teve o cuidado suficiente para não estragar o papel, que para ela era tão bonito que já valeria a pena ganhar só ele.
Dentro do pacote algo com que a menina sempre sonhara, uma boneca, linda como que se saída de um conto de fadas.
_Mamãe eu posso chamar ela de Balu? Perguntou a menina.
_Claro meu amor. A boneca é sua, pode dar a ela o nome que quiser.
_Eu posso ir mostrar a Balu às minhas primas?
_Claro meu amor, só não vai aborrecer o seu tio, acho que ele tomou umas hoje e não está lá muito bem.
_Tá bom mamãe.
E lá foi a menina com a sua Balu; não teve de andar muito, pois a primas moravam no barraco ao lado, antes de entrar a menina escutou o tio esbravejando e gritando palavrões que uma criança não deveria escutar, mas que para ela já eram comuns, tão comuns que nem ligou , foi entrando como se nada estivesse acontecendo, ainda da porta chamou as primas que vieram correndo ver o presente da menina.
_Olha a minha Balu como é linda, foi a minha mão que me deu. Disse a menina com um sorriso de um canto a outro do rosto.
_Nossa! Que boneca feia! Disse a prima mais velha com uma cara de nojo.
_Eu gostei. Disse a menorzinha que tinha a mesma idade da menina.
A menina, então encarou a prima mais velha e com um jeito de brava gritou:
_Ela não é feia não, e se você a fizer chorar você vai ver só.
Olhou, então para Balu e com a mão no rosto dela disse, com uma voz bem carinhosa:
_Baluzinha, não chore você não é feia não, eu te acho linda e serei a sua melhor amiga nesse mundo.
Não foram poucas as vezes que a menina teve de consolar a boneca, para onde ia, levava à amiga e sempre havia alguém para dizer o quanto Balu era feia, mas, a cada dia que passava a menina gostava mais da sua Baluzinha.
A menina foi crescendo e chegou o dia de ir para a escola, acordou sedo e foi logo se vestindo, apanhou os cadernos, colocou Balu numa sacola e já ia saindo quando a mãe lhe pediu que deixasse a boneca em casa, pois a escola não era lugar de brinquedo.
A menina tentou ainda argumentar com a mãe, mas acabou aceitando e deixando a amiga em casa.
Mal chegou a escola e os colegas começaram a implicar com ela, era menor que os demais e a farda que herdara da irmã mais velha estava manchada e com aparência de velha.
Logo se tornou alvo dos apelidos e da mangação dos colegas que a chamavam de feia e favelada, ela então se lembrou do que dizia sempre para Balu e quando alguém mexia com ela, essas lembranças a confortavam, ajudando ela a superar a hostilidade de todos os dias. (....)
Infelizmente, este conto não esta longe da nossa realidade.
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