segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Amor de Pai

Amor de Pai, amor de mãe, vida de um filho.
Meus últimos textos tratam de coisas sérias, mas hoje quero escrever sobre algo sagrado e por definição sagrado é o que transcende as nossas experiências banais do dia-a-dia como amores descobertos, amores perdidos, frustrações pessoais, decepções amorosas, traições conjugais, deslealdade e essas coisas que preenchem o nosso universo emocional.
Tentarei colocar neste texto o que penso nesse momento da minha vida sobre os amores maternos e paternos e como esses amores afetam a todos nós, influenciando decisivamente tanto homens quanto mulheres.
Costumo dizer que Deus mora nos olhos de minha mãe, isso porque nunca enxerguei outra coisa nos olhos dela que não fosse amor e como está na Bíblia em João 4:8 – “Aquele que não ama não conhece a Deus; porque Deus é amor.” concluo que o que vejo nos olhos dela só pode ser a manifestação de Deus.
É evidente que a grande maioria de nós ama suas mães e que quase todas as mulheres desejam serem mães e quando efetivam esse desejo descobrem o maior amor que um ser humano pode sentir.
Muito já se falou sobre amor materno e a beleza da maternidade e concordo com tudo de bom que já foi dito a respeito, no entanto não quero tratar de um assunto já tão discutido e sobre o qual já parece haver um consenso, apesar dos casos de mães que abortam, abandonam seus filhos ou os usam, às vezes antes mesmo de nascer, como forma de conseguir um bom casamento, de garantir uma pensão ou, de forma mais sutil como um jeito de ser impor no âmbito familiar frente aos avós, tios e outras pessoas próximas à criança e certamente nutrem algum tipo de amor por ela. Quem não conhece um caso de alguém que engravidou para tentar manter um relacionamento.
Como já disse, quero me dedicar à ponderar sobre um assunto menos discutido, “a paternidade” e como essa condição e os sentimentos que envolve ela afetam os homens.
Meu tio, irmão mais novo de meu pai, apesar de já estar na casa dos cinquenta nunca viveu a experiência de ser pai, no entanto, adora os sobrinhos e tem por eles um amor e atenção muitas vezes maior que a dos próprios pais.
Meu tio não é casado e não me lembro de nenhuma mulher com quem tenha namorado por muito tempo, mas há uma história sobre ele que sempre me despertou certa curiosidade, nunca tive coragem para tratar do assunto com ele, mas vez por outra, quando ele não estava, falávamos do que havia acontecido: Uma prima distante que nunca havia nos visitado teve que resolver umas questões na cidade onde morávamos, ficou então hospedada por alguns dias na casa de minha avó, à época tanto essa prima como meu tio eram jovens e sob o mesmo teto foi inevitável que se envolvessem.
Depois de resolver as questões pendentes, nossa prima retornou para sua cidade e até onde eu sei nunca mais eles voltaram a se ver.
Você poderá se perguntar o que há de curioso nessa história, pois bem, não haveria nada se não fosse o fato de alguns anos depois outra prima, bem mais próxima de nós ter visitado a prima citada anteriormente, voltando de lá com uma foto e uma história que mudaria toda a vida de meu tio, a foto era de um menino de aproximadamente dois anos e a história era sobre uma moça que passou alguns dias em outra cidade e acidentalmente engravidou. Como ela mantinha um relacionamento de alguns anos com um rapaz de sua cidade resolveu sustentar que o filho era do tal namorado, mas confessou para a prima que o filho era, na verdade de meu tio.
Não sei na época já existia teste de DNA e se houvesse, com certeza era muito mais caro e bem menos conhecido, o que sei é meu tio viveu com essa angústia por toda a sua vida e a foto desse menino nunca saiu de sua carteira, informação que posso confirmar, pois eu mesmo estive com essa carteira há uns seis anos atrás quando esse menino já deveria ter mais de vinte anos e a foto continuava lá.
Aprendi muita coisa com meu tio, ele sempre foi um homem honesto e de caráter, depois dessa história nunca mais pensou em se casar, dedicou-se inteiramente ao trabalho, aos cuidados com o meu avô e minha avó até o momento de suas mortes e aos sobrinhos.
É inegável o estrago que essa situação causou ao meu tio, me lembro de episódios de depressão em sua vida e sempre notei um tom melancólico em seu semblante, até hoje ele se sente mal em tratar do assunto.
Imagino também o prejuízo imposto a esse filho que foi privado do convívio com um pai que o amaria e com certeza seria um referencial de caráter e honestidade, e mesmo que não fosse assim, não acredito que uma mãe possa negar a um filho o direito de saber quem é o seu pai, principalmente quando se sabe que esse pai tem a coisa mais importante do mundo a oferecer ao filho, amor.

sábado, 11 de fevereiro de 2012

Ser estudante

Nascemos programados para conhecer o mundo, ao longo da vida nossos horizontes vão se alargando, no começo tudo é natural, nossos olhos e ouvidos se assombram a cada coisa nova que descobrimos e assim de assombro em assombro vamos construindo a nós mesmos.

O que é natural no começo tem de se tornar sistemático e intencional com o passar do tempo, aprender, ainda é uma primitiva básica de nosso sistema, mas muda de forma ao longo da vida, é preciso motivação, autonomia e maturidade para galgarmos os níveis mais elevados de nossa formação.

A motivação dá conta de manter acessa a chama da intenção, o que nos põe em movimento, nos tirando da inércia e do conforto que nos vitima quando nos satisfazemos com uma condição aquém do nosso potencial.

A autonomia começa a ser construída desde que somos concebidos, no começo nos tornamos capazes de fazer nosso sangue circular, impulsionado pelas batidas de um coraçãozinho que começa a bater ainda quando estamos no útero materno, depois, ao nascermos passamos a respirar sozinhos, aprendemos a caminhar e a falar. Esse processo não termina nunca, pois sempre há algo mais a aprender, e quanto mais aprendemos, mais independentes nos tornamos.

É verdade que algumas pessoas aprendem mais do que outras num mesmo período de tempo, isso deve ao fato de serem capazes de fazer boas escolhas, essas pessoas conseguem discernir entre o que é importante e duradouro e o que é frívolo e fugaz, suas escolhas são conscientes e ao longo da vida constroem um sólido patrimônio pessoal, seja material ou subjetivo. A essas capacidades chamamos maturidade, que ao contrário do que muitos pensam, não tem relação somente com o tempo que vivemos, mas também depende muito da intensidade com a qual vivemos.

Motivação, autonomia e maturidade, isso nos define como estudantes, ou como prefiro dizer: “aprendizes” e é bom analisarmos como estamos cuidando dessas dimensões pois elas definirão toda a nossa vida, já que só deixamos de aprender quando ela termina.

Prof. Rogério Reis

Coordenador de Extensão e docente da

AGES